POEMAS


POEMAS


Vazio
Renilson Durães

Ainda estou no limbo,
na sopa, no suco,
mas o dia não está cinza.
Estou prestes a ver a luz
Estou quase em construção
Canso-me às vezes
De ter que desmanchar
Pra construir de novo.
Mas não tenho escolha, nem escola
Só os sentimentos e os sintomas do agora.
Não resta nada a fazer
Só esperar.
Tento negociar com a ansiedade
Atendo-me ao momento zen que não é lugar algum
E com mãos frias ouço Srila Prabhupada
Hare Krisna Hare Krisna! Hare Rama Hare Rama!
--

Poeminha Visceral
Renilson Durães

Queimo meu karma
Consumo tempo e vida
No dharma do dia a dia
E de flor, sangue e mel
Cumpro meu ofício, pago meu vício
Queimo meu corpo no ácido cáustico da arte
Com vísceras e fogo do plexo solar
Marco a existência da minha poesia
--


Dia Cinza
Renilson Durães
09/01/1999

Consumo-me nas horas
Vagas
De um dia cinza
Meu fogo ascendente
Precipita
Um vulcão dentro de mim
Conflito e ansiedade fazem parte
De minha parte
Faltosa
Armado de pureza e tédio,
Ainda acredito que a magia pode acontecer.
Bem sei que o amor que me salva
É o mesmo que me consome.
Mas, continuo - ando
Com a minha dor
E minha covardia
Vou para a tempestade
Que me espera
Do lado de fora.
--

Agora
Renilson Durães
Montes Claros - 21/05/2001

O agora está fugindo das minhas mãos
E eu não posso mais te esperar
Olho pela janela e não vejo novidade
e nem sinto esperança
Sinto que minha semente quer germinar
Não tenho mais tempo de ficar grudado
no seu chão
pois a mudança é urgente
E só agora estou olhando
pra dentro
e vendo minhas asas buscando
um novo céu aberto.
--
A Eros e à Transcendência
Renilson Durães
Montes Claros - 08/05/2004

Viajo em torno do umbigo
Quero guarida, abrigo.
Sem perder utopia e paixão,
Coragem, pé no chão e fé na luz.
Transito entre Zorba e Buda.
Krishna e Jesus Cristo
Resisto a tudo
Digo amém.
Mas não me entrego
Rendo-me somente ao Deus Eros
E à transcendência.
--
Com o mistério
Renilson Durães – setembro/2005

É Preciso desligar.
Desligar o computador
Desligar a tv e ler
O livro da existência
O excesso nos torna mais patológicos:
Neuróticos e "normóticos".
Tanta luta para algum lugar nenhum.
É preciso desligar a mente

Das fixações, das identificações e dos apegos

que nos levam à repetição de padrões.
É karma? Ou é neurose?
Pode ser oriental sim,
Pode ser ocidental também.
Pode ser Jung, pode ser Reich,
Pode ser Nietzsche, pode ser Freud,
Pode ser Lao Tse, pode ser Krishna.
Se Nietzsche crê num Deus que saiba
 dançar
Ele pode ir além do sagrado e do profano
Se Freud adota e se apóia em Nietzsche,
Natural como a sincronicidade de Jung,
Estamos então na teia,
Na trama, no tantra hindu
Onde tudo está contido em tudo
A dança dos opostos,
A sombra e a luz estão dentro de nós
O amor que nos salva e a paixão que nos adoece.
Fico com a inquietação de minh`alma,
Fico do lado do mistério
Da religiosidade celebrativa
Do simbólico e do sagrado;
Perplexo, à espera da
Transcendência.
--

Aleen Ginsberg
Renilson Alves Durães
Montes Claros – 01/10/2006

Bendito seja
Maldito Aleen Ginsberg!
Chuta lata e uiva prá lua
Como cachorro louco do mês de agosto
Sua carne e sua arte
De víceras e de alma é seu poema
Toma seu ópio preferido,
E celebra seu êxtase
Acima da miséria humana
Das Américas.
--
                                                                                 
Desafio
Renilson Alves Durães
Montes Claros - 21/07/2007

Tenho dentro de mim
A inquietação do mundo
Minha cabeça pesa de tanto pensar
Tenho orgulho, apego, aversão e estima
No meu imensamente,
Demasiadamente humano.
Sei que estou dentro e fora
Alto e baixo
A auto-estima ainda não me domina
Sei que preciso me manter em cima
Mesmo quando não estou por cima.
--

Eh Viva!
Renilson Alves Durães
Montes Claros - 21/07/2007

Eh viva as pessoas vivas
Eh viva as pessoas despertas, acordadas.
As pessoas ignorantes e as que estão dormindo.
Eh viva Nossa Senhora do Rosário
Eh viva São Benedito,
Senhor do Bonfim e todos os serafins
Eh viva os orixás da Bahia
Eh viva Cristos, Krisna, Shiva,
Buda e São Francisco
Eh viva as almas inquietas
De todos os poetas
Que experimentam o fel da terra
E o néctar do paraíso
No próprio corpo, transitório.
--